Explorando as raízes da gastronomia nipônica no Nōsu.

Esta semana fomos dar um giro na Zona Norte para conferir o que anda rolando gastronomicamente do lado de lá da Marginal. Para ser mais exata, visitei o restaurante NŌSU, em Santana, bairro que ao longo dos anos vêm deleitando os paladares paulistanos com seus cafés e restaurantes.

Ao entrar no salão amplo e sofisticado deste restaurante nipônico, cujo nome significa “sentido norte”, você vai se deparar com uma arquitetura incrível de Otávio de Sanctis, e seus olhos dançarão por ela a noite toda, observando cada detalhe – que não são poucos. De cara olhe pra cima e aprecie o encontro genuíno de bambus que ganham movimento da forma como foram emoldurados. Logo em seguida passeie por este salão e pare na entrada, onde você encontrará uma elegante adega de saquês, e não deixe de visitar, se puder, o espaço privativo no andar superior, de onde você poderá contemplar uma incrível vista panorâmica do restaurante.

Quem comanda a cozinha é o chef Regis Hideki Shiguematsu, que já capitaneou o balcão do restaurante Nakka. Aqui ele demonstra mais amadurecimento na forma como elaborou o menu da casa, saindo das produções insanas dos horríveis rodízios japoneses, e nos convidando para uma cozinha mais artística, autoral, fresca e com sabores contemporâneos.

Iniciamos com a famosa sopinha japonesa, o Missoshiro. Sem exagero, foi um dos melhores que provei na vida! Chegou em temperatura agradável, sem queimar a língua, e o tofu abria caminho para o calor confortável do caldo de peixe encorpado. Além disso, ele abriu meu apetite, o que ocasionou uma ótima sensação.

Na sequência provamos o Carpaccio de Salmão Trufado (R$27,00). Então, esta onda de azeite trufado na gastronomia japonesa parece que não tem fim, e o problema para mim continua o mesmo, e aqui infelizmente não foi diferente: o excesso. Embora as lâminas do salmão estivessem reluzentes e fatiadas com elegância, o excesso de azeite tirou qualquer vestígio do sabor in natura, deixando apenas aquele perfume fortíssimo e enjoativo.

Já o Sashimi de Vieira (R$28,00) compensou a decepção anterior com sua apresentação impecável, em formato de flor, além de suas delicadas fatias estarem macias, ao ponto de derreter na boca. Seu sabor cítrico suave perfumava toda a minha boca, a isolada ova deu uma pitada explosiva, sem estragar o equilíbrio do prato.

Se deseja algo fora do contexto de uma culinária japonesa clássica, então a sugestão fica por conta do “pseudo-sashimi” de Risotinho de Foie Gras com Atum Maçaricado (R$28,00). A cremosidade do risoto era enfatizada pelo crespir do atum, assim como o perfume delicado do peixe enfatizou o profundo sabor adocicado do arroz. Uma mistura de texturas e sabores, cujo resultado é uma colisão deliciosa entre quente e frio.

Outra sugestão do chef foi a Robata de Vieira (R$25,00). De visual charmoso, o espetinho do molusco veio fincado no limão. Primeiro você sente o sabor do azeite, e o que vem em seguida é o sabor fugidio do limão, e em segundos tudo se mistura com as demais especiarias ocasionando uma agradável sensação no palato.

Um prato simples, mas que inspirou meu palato foi o Tempurá de Camarão (R$22,00), os voluptuosos camarões estavam envoltos num crocante polme fino, suas tiras estalavam crocância de maneira convidativa cada vez que eu comia. Muito boas!

Vocês deveriam provar de sobremesa o Cheesecake de Tofu com Calda de Frutas Vermelhas (R$15,00). Não é muito doce, mas com textura interessante, uma releitura curiosa para os amantes de um bom cheescake.

Serviço gentil, preços realistas para os dias atuais, chef que capricha em suas receitas e ambiente que contagiará seus olhos pelo tempo que estiver por ali. Vale a pena dar uma escapadinha da sua zona de conforto para conhecer o universo do Nōsu. Quando sai de lá estava tranquila e feliz!

Serviço

Nōsu
Terça a domingo das 12h00 às 15h00 e das 17h00 às 23h00
Rua Maria Curupaiti, 414 – Santana – São Paulo – SP
Telefone: (11) 2283 5822
Aceita cartões de crédito Dinners, Mastercard e Visa e de débito Maestro, RedeShop e Visa Electron. É acessível a deficientes físicos.

Crédito Imagens: Roberto Salgado

 

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